Economia em saúde poderia ajudar a pagar a conta de carbono

Cortar as emissões de dióxido de carbono para combater a mudança climática custa dinheiro. Muito dinheiro: cumprir os padrões estabelecidos no Acordo de Paris, poderia exigir um investimento equivalente a várias porcentagens do PIB global até 2050. Mas o que muitos políticos e legisladores estão menos conscientes é que o corte das emissões também poderia gerar economia com a melhoria da saúde.

De fato, estes benefícios indiretos para a saúde poderiam cobrir uma parcela substancial do custo para esforços no corte de emissões, de acordo com um artigo publicado em 27 de Outubro para o Environmental Research Letters.

Na nova análise, pesquisadores revisaram 42 estudos publicados nos últimos oito anos que modelam os benefícios para saúde associados a emissões de carbono mais baixas. Os estudos incluem 24 modelos relacionados à qualidade do ar, 12 relacionados à transporte, e 6 relacionados à dieta. Além de quantificar esses benefícios para saúde, cerca da metade dos estudos também calcularam a economia que poderia gerar em termos monetários com a melhoria na saúde.

Os estudos sobre a poluição do ar analisaram melhorias na saúde associadas ao corte de emissões de gases de efeito estufa por quantidades específicas. As centrais elétricas, veículos a motor e outras fontes de emissões de dióxido de carbono também produzem outros poluentes atmosféricos que prejudicam os pulmões, especialmente material particulado e ozônio. Além disso, estes poluentes se formam mais facilmente em temperaturas mais altas. Assim, cortar as emissões e limitar o aquecimento tendem a melhorar a saúde respiratória e reduzir as admissões hospitalares por asma, bem como mortes por infecções pulmonares e câncer de pulmão.

A maioria dos estudos sobre transporte questionou o que aconteceria se as pessoas dirigissem menos e andassem, pedalassem, ou utilizassem mais transporte público. O maior risco à saúde associado ao uso do carro vem da inatividade física. Consequentemente, conduzir menos não somente corta as emissões de gases de efeito estufa, como também reduz o risco de doença cardiovascular e o excesso de peso.

Finalmente, os estudos sobre dieta perguntaram como as emissões de carbono mudariam se as pessoas adotassem dietas com menos carne vermelha, mais cereais e leguminosas, e menos comida processada. (A carne vermelha tem a maior pegada de carbono do que qualquer outro alimento, e comer muita carne vermelha também está associado a doenças cardiovasculares e outras condições de saúde crônicas.) No geral, esses estudos mostram que uma mudança em nossos hábitos alimentares poderia diminuir condições como doenças do coração, alguns tipos de câncer, derrames e a diabetes tipo 2, assim como diminuir as emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo.

Portanto, é claro que todos os estudos sugerem que investir na mitigação da mudança climática também pagaria dividendos em uma melhoria na saúde. No entanto, a grande variação dos modelos, dos resultados de saúde, dos prazos e das escalas geográficas significa que é difícil comparar os resultados de diferentes estudos, observam os pesquisadores.

E há outras complexidades. Os benefícios para saúde com o corte de emissões de carbono não são distribuídos igualmente. Em alguns casos, pode até haver desvantagens. Se as pessoas substituem o consumo de carne vermelha por laticínios, as emissões de carbono associadas à sua dieta podem realmente aumentar. O açúcar e “junk food” são muitas vezes relativamente baixos nas emissões de gases de efeito de estufa, portanto é possível ter uma dieta favorável ao clima que não é particularmente saudável.

Ainda assim, focando nos benefícios para saúde, isto poderia incentivar os indivíduos a mudarem seu comportamento para que reduzam as emissões de gases de efeito estufa. Também poderia ajudar a convencer os governos a adotarem políticas para reduzir as emissões. Os benefícios para saúde na luta contra as alterações climáticas compensam uma parcela significativa dos custos dessas políticas, dizem os pesquisadores. Além disso, os benefícios para saúde tendem a ocorrer mais cedo do que os benefícios climáticos, criando uma justificativa imediata para a ação.

” Políticas de mitigação são geralmente uma situação ‘ganha-ganha’, melhorando a saúde em curto prazo, enquanto diminui os riscos à saúde relacionados com mudanças climáticas no final do século.

Source: Chang KM et al. “Ancillary health effects of climate mitigation scenarios as drivers of policy uptake: a review of air quality, transportation and diet co-benefits modeling studies.” Environmental Research Letters. 2017

Image: Karen Foley | Dreamstime

 

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