Um novo estudo descobriu que, quando medido em escala global, a agricultura urbana poderia gerar mais de $160 bilhões, anualmente, em serviços ecossistêmicos.
Escrevendo para Earth’s Future, os pesquisadores discutem que a agricultura urbana tem potencial significativo e negligenciado para a melhorar a segurança alimentar global, reduzir o uso de energia para ambientes construídos e fazer, de maneira geral, cidades mais resistentes às mudanças climáticas.
Apesar de sua crescente popularidade, apenas alguns realmente tentaram medir os benefícios potenciais da agricultura urbana além da escala local, Este estudo é o primeiro a examinar seu impacto global. Ele preenche uma importante lacuna de conhecimento – considerando que 67% da população mundial estará morando em cidades até 2050, e as áreas urbanas irão inevitavelmente expandir para acomodar o influxo.
A equipe de pesquisadores internacionais se propôs a avaliar quanto espaço está disponível atualmente nas cidades para a agricultura urbana, além dos benefícios ambientais que esta poderia proporcionar se maximizássemos seu potencial.
Para isto, eles usaram o sensoriamento remoto para identificar a cobertura de vegetação urbana e o espaço disponível em áreas construídas em diferentes países. Especificamente, eles foram instalados em telhados, fachadas verticais de edifícios e terrenos baldios. Eles também consideraram os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sobre as culturas agrícolas dominantes cultivadas em cada país, para determinar que tipos de alimentos seriam melhores em diferentes locais. Em seguida, eles reuniram todos os dados em uma plataforma chamada Google Earth Engine e dividiram os resultados por país.
A partir dessas estimativas, eles puderam explorar os benefícios ambientais da conversão da terra – concentrando-se na polinização e no controle biológico proporcionado por insetos, na redução do escoamento das águas pluviais, na conservação de energia e na fixação de nitrogênio no solo.
Os pesquisadores descobriram que globalmente, mais de sete milhões de hectares estariam disponíveis para projetos de agricultura urbana. Cerca de 80% disto foi fornecido por terrenos baldios. Os Estados Unidos detinham parte do leão, com dois milhões de hectares disponíveis, seguidos pela China, com 1.4 milhão. Se enchêssemos todo esse espaço com fazendas, globalmente, poderíamos produzir cerca de 180 milhões de toneladas a mais de comida a cada ano, eles relatam. Isso seria valioso para aliviar a insegurança alimentar urbana, especialmente em cidades onde as disparidades econômicas são grandes.
Ao isolar edifícios do calor e do frio, as fazendas urbanas também poderiam reduzir o consumo global de energia em até 15 bilhões de quilowatts-hora (kWh) por ano – o suficiente para abastecer quase um milhão e meio de lares americanos. E, ao usar as fazendas urbanas como pias para água da chuva, as cidades poderiam desviar até 57 bilhões de metros cúbicos de água pluvial a cada ano, o que por outro lado causa problemas de inundação, ou é escoada para corpos de água próximos, sendo poluída com lixo urbano. Juntos, os serviços ecossistêmicos conjuntos deste novo regime de uso da terra economizariam até US$ 164 bilhões por ano.
Embora os pesquisadores reconheçam as ressalvas em seu estudo (é improvável, por exemplo, que as cidades entreguem toda a terra disponível à agricultura, como se supõe no modelo), as descobertas mostram o papel diverso que as fazendas urbanas podem desempenhar para ajudar cidades a enfrentar seus desafios únicos. Por exemplo, os benefícios econômicos da agricultura urbana poderiam desempenhar um papel especialmente importante como gerador de emprego e renda em nações em desenvolvimento, enquanto sua capacidade de absorver o escoamento poderia trazer enormes benefícios para as cidades nas zonas tropicais.
Em última análise, o estudo defende a agricultura urbana como uma ferramenta para ajudar as cidades a evoluir frente à mudança climática. Quer reduza o efeito de ilha de calor urbana e economize energia, quer ajude a garantir um abastecimento localizado de alimentos, menos intensivo em gases de efeito estufa, isto poderia ajudar a tornar as cidades mais sustentáveis e resistentes. Acima de tudo, dizem os pesquisadores, isso destaca “a importância dos ambientes construídos para atuarem como agentes de mudança”.
Source: Clinton et. al. “A Global Geospatial Ecosystem Services Estimate of Urban Agriculture.” Earth’s Future. 2017.